Durante minhas leituras de Susan Sontag, conheci Thorstein Veblen, sociólogo e economista norueguês que desenvolveu os conceitos de consumo conspícuo e lazer conspícuo.

A ideia de consumo conspícuo de que Veblen fala dialoga muito com a nossa era das redes sociais — mas o termo foi cunhado em 1899. E a que ele se refere? À prática de se gastar dinheiro em algo (como uma viagem) ou adquirir mercadorias consideradas de luxo (quer sejam bens ou serviços) tendo como intenção majoritária se exibir e esbanjar publicamente seu poder econômico.

O veículo que as redes sociais se tornaram para a ostentação de renda ou de riqueza acumulada (ainda que só aparente) remete muito à teoria do autor sobre o consumidor conspícuo (palavra que significa “claramente visível; facilmente notável; que salta à vista; ou que atrai ou tende a atrair a atenção para suas características). No Instagram, a tendência é sermos “consumidores conspícuos”: postando nossa visita a um restaurante caro, nossa viagem internacional, os presentes de Natal que demos para nossos familiares.

No conceito de Veblen, essa exposição pública da renda discricionária (o dinheiro que nos sobra depois de a gente pagar todas as contas de despesas essenciais) é um meio de alcançar ou de manter um determinado status social.

Assim como Veblen, outra pessoa que falou, décadas atrás, de tópicos que parecem ter sido tirados da atualidade é Guy Debord, em seu livro A Sociedade do Espetáculo, de 1967. Listei aqui vários trechos que parecem descrever as atividades de hoje de usuários do Instagram e do TikTok. É inacreditavelmente atual.