Anora e Casamentos Absurdos em Las Vegas
28 de janeiro de 2025
Post por: bernardolopes

Anora e Casamentos Absurdos em Las Vegas

Anora ganhou o Oscar de melhor filme neste ano de 2025 e venceu a Palma de Ouro no último festival de Cannes. E, por aqui, nós comemoramos com Ainda Estou Aqui  e com Fernanda a estatueta de  Melhor Filme Internacional, além do Globo de Ouro de Melhor Atriz.

Nossa fé e vontade estavam concentradas no nosso cinema brasileiro pegar a premiação maior do Oscar. Mas, mesmo não rolando pra Melhor Filme, fico tranquilo que quem venceu, pelo menos, foi um filme como Anora (tinha outros mais fracos). Sou suspeito pra falar do diretor de Anora, porque amo outro filme dele, Projeto Flórida, cujo final é um dos mais avassaladores e bonitos, ainda que tristes, que vi no cinema nos últimos anos; remete muito, inclusive, à cena final do livro O Senhor das Moscas, como eu falei nesse textinho aqui sobre a vida adulta.

Anora conta a história de Ani, uma jovem stripper do Brooklyn que se envolve num relacionamento pago com um novinho russo. Os dois se encantam um pelo outro e acabam se casando em Las Vegas. Dali, a vida de Ani flutua de um sonho de Cinderela pra logo em seguida degringolar na treta mais insana da vida dela, envolvendo nada mais, nada menos que a oligarquia russa.

A vibe inicial do filme, antes da vida da Ani virar do avesso, me lembrou muito uma crônica deliciosa da Joan Didion, grande escritora americana (1934-2021), sobre essa “febre” nunca passageira que são os casamentos-relâmpago em Las Vegas. É um textinho curto, despretensioso, e que resolvi deixar aqui a quem interessar. (Didion é uma das minhas escritoras favoritas atualmente.) O texto está presente na maravilhosa e provocadora coletânea Rastejando até Belém (Slouching Towards Bethlehem), de 1968.

Falei também em vídeo sobre isso aqui no meu Instagram.

Texto disponível gratuitamente na visualização de Rastejando até Belém do Google Livros.

Anora está em cartaz no cinema.

Projeto Flórida, do mesmo diretor, pode ser assistido no Max.

E a Netflix tem um documentário sobre Joan Didion e seu legado, chamado Joan Didion: The Center Will Not Hold.

Bernardo Lopes

BERNARDO EVANGELISTA LOPES nasceu em Sabará, Minas Gerais, em 1988. Formado em Letras pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), é escritor e professor de Língua Inglesa. Seus livros "O que disse o Imperador" (2016), "Dona" (2018) e "Debutante" (2021) foram publicados pela Metanoia Editora, do Rio de Janeiro. "Dona" foi traduzido para o inglês e publicado nos Estados Unidos, assim como seu ensaio crítico-literário "O Narrador Injustiçado" ("The Underrated Narrator"); ambos são vendidos em mais de 20 países pela Amazon. Bernardo é o Presidente da Academia de Ciências e Letras de Sabará, onde ocupa a cadeira de nº 17, que homenageia o conterrâneo Júlio Ribeiro.